sábado, 23 de agosto de 2008

SINTAGMA - IMAGENS DA TURMA DE LETRAS - C 7

ATIVIDADE ORIENTADA - DOMINÓ SINTAGMÁTICO

A atividade foi realizada com sucesso!!!!












































































VALEU!!! VOCÊS SÃO NOTA 10!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

IMAGENS DOS ALUNOS DA FTC EAD - HISTÓRIA

TURMA DE HISTÓRIA - SEMINÁRIO PRESENCIAL PPP II

















































quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O USO DA LINGUAGEM E A VALORIZAÇÃO DA LINGÜÍSTICA

PORTFÓLIO: Letras - Circuito 7

Lorena Martins
Maria Audilene

Maria Eleira
Emanuela Pereira
Valnier Cleber


INTRODUÇÃO


Na linguagem como na natureza, não há igualdades absolutas; não há, pois, expressões diferentes que não correspondam também a idéias ou a sentimentos diferentes. As diferenciações regionais reclamam estilo e métodos diversos, mas a verdade é que corrigindo-nos, estamos de fato a mutilar idéias e sentimentos que nos são pessoais. O que existe, então, na nossa cultura, é uma divisão bastante nítida. De um lado, temos a norma- padrão, um ideal de língua que se baseia ainda nos usos feitos pelos chamados grandes escritores e que tenta espelhar a língua falada e escrita em Portugal, apesar de todos os grandes movimentos literários, desde o romantismo de José de Alencar e o modernismo de Mário de Andrade que tentaram incorporar à literatura as opções lingüísticas características do brasileiro.
De outro lado, temos o grande conjunto de variedades lingüísticas do português brasileiro, que não são padrões ideais, mas realizações concretas, e que, em seus grandes trocos comuns, constituem o nosso vernáculo, a nossa língua materna.
A sociedade, escola e os professores têm um papel fundamental no ensino da língua, pois os mesmos devem ser mediadores, tendo como objetivo encontrar maneiras de se trabalhar em sala de aula a “norma - padrão”, mas sempre considerado as variações lingüísticas de seus alunos, partindo do que o aluno já sabe sobre a língua, para que a partir daí ele próprio possa construir novos conhecimentos. Aos professores cabe uma reflexão sobre o ensino que temos e o ensino que queremos, para que assim, possa-se melhorar a prática e conseqüentemente, fazer com que a aprendizagem da língua realmente aconteça, tornando-a significativa para o aluno.

A ilustração ao lado, assim como a expressões contidas no texto III nos mostra que apesar de vista por muitos como preconceitos por estarem de certa forma erradas para as ditas gramáticas normativas, tem que ser respeitadas e aceitas, pois conseguem fazer-se entender, passam uma mensagem para quem os lê e se revelam expressões de um grupo característico, cita Marcos Bagno em seu livro, Preconceitos Lingüísticos e toda variedade lingüística atende as necessidades da comunidade dos seres humanos que a empregam. “Quando deixa de atender, ela, inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar as novas necessidades,” como cita em seu livro, Preconceitos Lingüísticos o que é e como se faz, o autor Marcos Bagno.


O USO DA LINGUAGEM E A VALORIZAÇÃO DA LINGÜÍSTICA


A variação de uma língua é a forma pela qual ela defere de outras formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que o indivíduo se manifesta verbalmente.
As pessoas do Rio de Janeiro ao pronunciar a consoante “s” em palavras como posto, costa, história libera o som da consoante “x” (fala-se poxto, coxta, hixtória).
O português do Maranhão é falado semelhante ao de Portugal. Os Paulistas e Mineiros falam com bastante afino o som da consoante “r”. Essa variação do português leva a uma discussão, em qual lugar se fala melhor o português. E isso gera o “Preconceito Lingüístico”; que nada mais é do que uma forma de preconceito a determinadas variedades lingüísticas, e é visto com vigor quando uma pessoa diz uma palavra que foge da gramática normativa da língua portuguesa e imediatamente é corrigida de acordo com essa gramática. O que é correto, vassoura ou bassoura? Depende do contexto regional, da regionalização vivida, etc.
Até o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva tem sido alvo de criticas quando aos seus tropeços gramaticais, como: “menos”, “percas”, “acho de que”, a avidez de com que se devoram os “s” do plural Etc. “Os escorregões do Presidente” no exercício do Português Padrão já se constituem como pretexto para debater a variedade lingüística com a qual a escola deveria operar.
No Brasil, nos últimos tempos, a variação lingüística na escola tem sido objeto complexo de debates lingüísticos- pedagógicos, ensejando profunda insegurança sobre tudo entre professores e futuros professores que atuam em escolas populares.
Há alguns anos, para a maioria dos professores de português, essa questão não existia, predominando a visão de que a principal função da escola era enquadrar os alunos a variedade culta da língua nacional.
Com esse pressuposto inquestionável, professores bem intencionados confundiam comumente a educação com a caça as formas sintáticas, lexiais e fonéticas desviantes, transformando as aulas de Português em ensino da gramática normativa. A grande função do professor era corrigir o “português errado”.
Segundo Marcos Bagno, a função da escola nos diz respeito à língua, não é ensinar gramática muito menos ensinar lingüística. O estudo cientifico da linguagem, da gramática, deve ser reservado aos profissionais da área. Na escola fundamental e média, o grande papel do professor é elevar o grau de letramento de seus alunos, isto é, fazer estes alunos serem capazes de se expressar de modo adequado, criativo, eficiente tanto oralmente quanto por escrito. E para saber isso, não é preciso saber gramática.
Diante destes fatos, só uma verdadeira mudança de atitude na escola a começar principalmente pelo professor, poderia transformar o ensino da língua, tornando-o mais efetivo, reflexivo e totalizante (democrático).


CONCLUSÃO

O fato é que o preconceito existe. Os críticos da tese do Preconceito Lingüístico argumentam que a tese em si, se apontada na íntegra, resultaria em um descrédito das normas gramaticais que por sua vez levaria a dificuldade das pessoas na comunicação em futuro próximo.
O uso da linguagem tem sido sempre marcado por intolerância e preconceito. Porém a intolerância lingüística consegue ser mais mascarada que o preconceito é comum você encontrar pessoas tentando corrigir ou trás em um português a sua maneira. Qual é o correto, “olha gente” ou “oxente”? “A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação. Assim quando se fala em “Língua Portuguesa” esta se falando de uma unidade que se constitui variedades. (Parâmetros Curriculares Nacionais, Língua Portuguesa %ª a 8ª série, p. 29.)”.
Podemos observar que os textos citados, ambos nos transmite uma linguagem de norma padrão, de norma culta e norma popular e que ambos há uma diversidade no que se refere à língua, e não há como distinguir entre o certo e o errado, visto que as condições sócias, culturais e geográficas influenciam muito em tal diversidade.
Não podemos fugir da realidade na qual estamos inseridos, pois a repressão lingüística é igualmente caminho para a repressão social e cidadã. Ela contribui para a reprodução das desigualdades sociais.


REFERÊNCIAS:

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, Língua Portuguesa de 5ª a 8ª série, Brasília: MEC/SEF, 1998.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. São Paulo: Edição Loyola, 1999.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre
http://www.google.com.br/
http://www.overmundo.com.br/
www.sergipe.com.br/
http://www.marcosbagno.com/
PORTUGUES: Tradição ou Vivencias? - www.webartigo.com/articles/
Fale que te direis quem és! http://www.espacoacademico.com.br/

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

PORTFÓLIO: LETRAS CIRCUITO 7

ELOIZA CAMACAM
LUZIMAR RODRIGUES
MAGNA ALVES
PAULA LUÍZA
PALOMA MATOS
VANUZA ALVES


INTRODUÇÃO

No mundo em que vivemos a linguagem está presente em cada uma de nossas atividades, individuais e coletivas. As linguagens se cruzam, se completam e se modificam, acompanhando o movimento de transformação do ser humano. A língua pertence a todos os membros de uma comunidade, com ela é um código aceito convencionalmente, um único indivíduo é capaz de criá-la ou modifica-la. A fala, entretanto, é individual e seu uso depende da vontade do falante.
Cada um de nós começa a aprender sua língua em casa, em contato com a família, imitando o que ouve e aprimorando-se, aos poucos, do vocabulário e das leis combinatórias da língua. Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam como nós. Há pessoas que falam de modo diferente por serem de outras cidades ou regiões do país. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades lingüísticas.
Diante de tudo isso, podemos perceber que tanto nos PCNs, na música de Xangai e no poema de Drummond, todas as variedades lingüísticas estão corretas, desde que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma língua: o de permitir a interação verbal entre as pessoas.

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Como se sabe, a língua Portuguesa surgiu na Europa de uma maneira bastante espontânea. Ela começou a ser praticada no dia-a-dia pelos povos ibéricos ocidentais. É uma língua, portanto, de origem romana falada nos guetos pelos soldados e alguns colonos romano. Pode-se dizer, grosseiramente, que a língua Portuguesa derivou do Latim falado vulgarmente na região ocidental da península Ibérica. Esse Latim, evidentemente, não era igual ao Latim falado por pessoas cultas de Roma, como alguns magistrados e escritores. Mesmo assim, aquele Latim informal, inculto e falado por pessoas simples que viviam nas vilas e nos guetos derivou uma língua fantástica falada atualmente por mais de 210 milhões de falantes nativos.
Estudar variações lingüísticas no contexto sócio-econômico-cultural brasileiro é gratificante. Um país heterogêneo em todos os setores: social, econômico, cultural, histórico e racial não poderia ser diferente com a lingüística, ou seja, temos um rico linguajar. Os docentes precisam deixar claro para seus educandos o enorme valor dos diversos tipos de dialetos (diferenças regionais relacionadas à fala), o que realmente é norma-padrão. Existem dois tipos de normas da língua: A norma padrão que é o conceito tradicional, idealizado pelos gramáticos, aos quais a tratam como modelo. Normas normais ou sociais - objetivas e comuns, atualmente nos usos falados de variantes das línguas. São normas que definem grupos sociais que constituem a rede social de uma determinada sociedade.
Desde então as gírias se alastraram e, hoje em dia é comum ter grupos com seus próprios dialetos. Os lingüísticos tentam de tudo para unir esses grupos e formarem uma língua padrão, para que não tenham grupos que futuramente irão tentar se separar da nação formando um novo país.
Nessa ótica, gostaríamos de apresentar uma estrofe do poema de Carlos Drummond:

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir La fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortado,
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério

Nesta estrofe Drummond deixa transparente a mudança lingüística de região, de classe social e individual. A língua, enquanto fato social é um fenômeno ao mesmo tempo dinâmico e conservador. É conservador porque necessita manter certo grau de uniformidade para permitir a comunicação em uma dada comunidade lingüística; é dinâmico porque se modifica com o tempo, estando também sujeito às influências regionais, sociais e estilísticas responsáveis pelos processos de variação lingüística.
Certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades lingüísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações lingüísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito lingüístico.
Souza (1996), analisou as publicações sobre variação lingüística em 30 periódicos científicos brasileiros, tendo encontrado não mais de trinta e sete textos referentes ao tema. Um dos resultados dessa análise consistiu em mostrar a importância e necessidade de se compreender o significado da variação lingüística e as responsabilidades da escola, no que diz respeito a esse problema que atinge prioritariamente as crianças das camadas populares, ao desqualificar sua fala, dificultando assim seu processo de alfabetização. A distância entre a linguagem culta veiculada pela escola e a linguagem das camadas populares, associada ao conflito de valores subjacentes a esses padrões lingüísticos diferentes, pode ser vista como uma das causas do fracasso escolar das crianças provenientes das camadas populares. O papel da escola é ensinar a língua padrão sem qualquer dúvida e de que o objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou talvez mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido.


Segundo Bagno (1999), uma vez que a língua está em tudo o professor de português é professor de TUDO (alguém já disse que talvez por isso que o professor de português devesse receber um salário igual à soma dos salários de todos os professores!), ensinar bem é ensinar para o bem. Ensinar para o bem significa respeitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe do mundo, da vida, reconhecer a língua que ele fala a sua própria identidade como ser humano; Ensinar para o bem é acrescentar e não suprir é elevar e não rebaixar a auto-estima do indivíduo. Somente assim, no inicio de cada ano letivo este indivíduo poderá voltar às aulas, em vez de lamentar a volta às jaulas.


A linguagem que utilizamos não transmite apenas nossas idéias. Transmite também um conjunto de informações sobre nos mesmos. Certas palavras e construções que empregamos acabam “denunciando” quem somos socialmente: Por exemplo, em que região do país nascemos, qual o nosso nível social, escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores, circulo de amizades.
Assim, a língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento com as pessoas e com a sociedade em geral.
O ensino da língua culta, na escola não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrario, o domínio da língua culta, somado ao domínio de outras variedades lingüísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar bem a língua equivale, a saber, empregá-la de modo adequado as mais diferentes situações sociais de que praticamos.

Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como ninguém comete erros ao andar ou ao respirar. Só se erra naquilo que é aprendido, naquilo que constitui um saber secundário, obtido por meio de treinamento, prática e memorização: Errar-se ao tocar piano, erra-se ao dar um comando ao computador, erra se ao falar-escrever uma língua estrangeira.
Desta forma podemos afirmar que o homem é uma “ilha” cercada de linguagem por todos os lados.

CONCLUSÃO

Concluímos que a variação lingüística vem se modificando desde o inicio do Brasil, e vem se modificando até hoje. Podemos observar que as variações lingüísticas aconteceram por necessidade, muitas pessoas começaram a "aportuguesar" palavras do Latim, pois não conseguiam falar as palavras em português.

Na antiguidade, se fazia necessária às gírias, pois muitos não conseguiam pronunciar as palavras certas. Hoje em dia as gírias não são mais necessidades e sim uma moda, e servem também para distingui as diferences classes sociais.
Uma das tarefas de um ensino de língua mais esclarecido seria, então, discutir os valores sociais atribuídos a cada variante lingüística, enfatizando a carga de discriminação que pesa sobre determinados usos da língua, de modo a conscientizar o aluno de que sua produção lingüística, oral ou escrita, estará sempre sujeita a uma avaliação social, positiva ou negativa.
Este trabalho foi importante para nós, pois descobrimos mais sobre nossa língua e por que apresenta variações de acordo com as classes sociais.


Referências:

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, Língua Portuguesa de 5ª a 8ª série. MEC/SEF: Brasília, 2001.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. São Paulo: Edição Loyola, 1999.
SOUZA, M. A. Variação Lingüística e Alfabetização no Brasil: o estado da arte de 1980 a 1994. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo.
http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A LINGUÍSTICA E SUAS VARIEDADES

PORTFÓLIO: Alunas do 3º período do curso de Letras - Circuito 7

Catiune Pires e Simone Nunes

INTRODUÇÃO

Atualmente a lingüística tem sido referência de muitas discussões, como exemplo pode-se enfatizar a língua portuguesa, onde a mesma possui uma padronização e uma variação, a primeira no sentido das prescrições normativas da gramática, e a segunda no sentido das experiências analisadas no contexto da linguagem falada por cada região, e como afirma os PCNs, para a escola cumprir a função de ensinar a escrita e a língua padrão, ela não deve desmerecer as variedades lingüísticas e nem permitir que a mesma “influencie” na aprendizagem do educando.
Segundo Carlos Drummond a língua vive transformações significativas e confusas, mas traz consigo o sentido real de acordo a época e a classe em que cada indivíduo vive, por essa razão, o ser humano como parte instituinte da sociedade deve estar consciente dessas varias lingüísticas prontos a respeitar e aceitar essas variedades. Dentre essas variedades, podemos destacar algumas expressões existentes na música AI D’ EU SODADE cantada por Xangai:

Ai D'eu Sodade
Marido se alevanta e vai armá um mundé

prá pegá u'a paca gordaprá nós cumê um sarapaté
Aruera é pau pesado, nué minha véa
cai e machuca meu pé e ai d'eu sodade
Intonce marido se alevanta e vai na casa da tua vó
buscá a ispingarda dela procê caçá um mocó
só que no lajedo tem cobra braba,
nué minha véa me morde e fica pió e ai d'eu sodade
Marido se alevanta e vai caçá u'a siriema
nois come a carne dela e faiz u'a bassora das pena
quem me dera tá agora, nué minha véa
nos braço d'uma roxa morena e ai d'eu sodade
Sujeito se alevanta e vai na casa do venderão
comprá u'a carne gorda prá nois cumê um pirão
é que eu num tenho mais dinhero, nué minha véa
fiado num compro não e ai d'eu sodade
Marido se alevanta e vai na venda do venderin
comprar déis metro de chita pra fazê ropa pros nossos fiin
aí dent'o tem um cochão véi, nué minha véa
dismancha e faiz u'as carça prá mim e ai d'eu sodade
Disgramado te alevanta dexa di cê priguiçosoo
home qui num trabaia num pode cumê gostoso
é que trabaiá é muito bom, nué minha véa
mais é um poco arriscosoe ai d'eu sodade
Marido te alevanta e vem tomá um mingau
qui é prá criá sustança prá nois fazê um calamengau
brincadeira de manhã cedo, nué minha véa
arrisca quebrá o pau e ai d'eu sodade
Marido seu disgraçado tu ai de morrê
cachorro ai de ti latíe urubú ai de ti cumê
se eu soubesse disso tudo, nué minha véa
eu num casava cum ocêe ai d'eu sodade.

Para compreendermos melhor basta observarmos estas expressões e percebermos que a linguagem típica caipira usava na música, transmite-nos o mesmo sentido significativo que uma linguagem em sua forma padrão transmitiria. Para melhor entendimento desta afirmação basta olharmos a situação em questão pelo ângulo da diversidade lingüística.

A LINGUÍSTICA E SUAS VARIEDADES

Diante de todos os fatores abordados, somos levados a crer que a Língua Portuguesa é uma unidade composta de muitas variedades. O aluno ao entrar na escola, por exemplo, já sabe pelo menos uma dessas variedades - aquela que aprendeu simplesmente pelo fato de estar inserido em uma comunidade de falante. Certamente já é consciente que determinadas expressões ou modo de dizer pode ou não ser apropriados para esta ou aquela situação.
Frente aos fenômenos da variação, não basta somente uma mudança de atitude, a escola precisa cuidar para que não se reproduza em seu espaço à descriminação lingüística, pelo contrario ela pode e deve permitir e proporcionar a valorização dessa variedade. Além disso, os padrões próprios da tradição escrita, não são os mesmos que os padrões de uso oral, ainda que haja situações de fala orientada pela escrita.
As pesquisas fundamentadas na sociolingüística educacional mostram que é possível desenvolver práticas de linguagem significativas, no sentido de incluir alunos oriundos das classes sociais menos favorecidas, fazendo com esses alunos deixem de se sentir estrangeiros em relação à língua utilizada pela escola, e com isso consigam participar de forma satisfatória das práticas sociais que demandam conhecimentos lingüísticos diversos. Diferentemente dos alunos oriundos das classes mais abastadas, cuja variedade de língua é também a variante de prestígio, e também a que é ensinada na escola, a maioria dos alunos das classes menos favorecidas além de ter que, praticamente, aprender uma nova língua, não tem sua variedade de língua valorizada e muito menos colocada como objeto de estudo na sala de aula. O que se observa é que, muitas vezes, os alunos usuários das variedades populares são discriminados em função da sua maneira de falar.
Por outro lado, as dificuldades que esses alunos apresentam em relação às atividades lingüísticas são tratadas como se estas ocorressem em função da falta de capacidade dos alunos, quando na verdade tais dificuldades estão relacionadas ao desconhecimento da escola em relação às variedades lingüísticas existentes no Brasil, que tenta trabalhar a língua materna como se esta fosse algo estático, puro, homogêneo, uniforme ou até mesmo intocável como defendem muitos gramáticos.
Por essa razão é que a escola como parte fundamental na formação humana, deve buscar incorporar em sua proposta pedagógica, conteúdos e situações voltadas para a realidade do aluno, onde ele possa valorizar seus princípios e sua forma de falar, sendo que a partir daí ele possa observar e reconhecer que sua realidade cultural diferencia-se e tem o seu valor igualmente o de outras realidades culturais.
Contudo, a Língua Portuguesa como todas as outras línguas humanas são para ser compreendida como um organismo, passível de variação e mudança, que sofre influencia de vários fatores lingüísticos e não lingüísticos. Isto significa que a nossa língua não esta pronta, que não é neutra ou mesmo algo inerente que se possa colocar numa forma, mas algo que se encontra em permanente processo de variação, em que expressa à diversidade dos grupos sociais que a fala, um exemplo claro que confirma essas mudanças, esta estrofe a segui retirada do poema Aula de Português de Drummond:



[...] Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir La fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortado,
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.



Podemos observar que nesta estrofe o autor deixa claro a constante mudança da língua, ou seja, para cada época, cada região, cada classe social e cada indivíduo, a uma forma de falar e é justamente isso que dá a identidade de cada um.
Segundo Labov (1983) (2), a variação existe em todas as línguas naturais humanas, é inerente ao sistema lingüístico, ocorre na fala de uma comunidade e, inclusive, na fala de uma mesma pessoa. Isto significa que a variação sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação normativa. Assim, quando falamos em Língua Portuguesa estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. E mesmo havendo no Brasil uma aparente unidade lingüística e apenas uma língua nacional, é possível observar variação em diversos níveis da estrutura lingüística como ilustram os exemplos a seguir, retirados da música, AI D’ EU SODADE, cantada por Xangai: ai d’ eu sodade ( adeus saudade), alevanta (levanta), entonce (então), cume (comer), cum ocê ( com você) e na história em quadrinho abaixo.


Estes são exemplos de variações lingüísticas que não somente identifica os falantes de comunidades lingüísticas em diferentes regiões como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Isso significa dizer que não existem variedades fixas: em um mesmo espaço social convivem diferentes variedades lingüísticas (padrão e não padrão), geralmente associadas a diferentes valores sociais (PCN, 1998).
Por outro lado, não devemos esquecer que algumas variedades lingüísticas são fortemente descriminadas, isto é, tratada de modo preconceituoso e anticientífico. Não porque essas variedades sejam inferiores ou porque sejam menos elaboradas do ponto de vista lingüístico, mas simplesmente porque difere em alguns aspectos (quase sempre relacionados à forma), daqueles que os gramáticos tradicionais elegeram como sendo o “correto”. Para trabalhar a variação lingüística, o professor deve introduzir, ao mesmo tempo, por um lado, o respeito e a aceitação aos vários falares dos alunos (MOLLICA 1998); e por outro, uma prática de ensino e aprendizagem cujo objeto de estudo seja os próprios textos dos alunos (orais e escritos). O que também não significa o abandono ao ensino da língua culta/padrão, pois esta continua sendo a variante de prestígio, portanto é importante que também seja trabalhada em sala de aula. Além disso, é imprescindível que haja constantemente uma prática de reflexão sobre os usos das diversas variedades lingüísticas existentes no País, nos diversos gêneros textuais, tanto na modalidade oral quanto na escrita, para que o aluno saiba que cada uma dessas variedades (padrão e não-padrão) tem seus contextos de uso.
Para Santos e Cavalcante (2000), para trabalhar a variação lingüística em sala de aula seria interessante que fossem realizadas atividades enfatizando a diferença entre textos produzidos oralmente e textos escritos, trabalhando o máximo possível os próprios textos dos alunos (orais e escritos). E chamando a atenção para a possibilidade de sempre poder realizar a retextualização, podendo melhorar vários aspectos do texto, inclusive mudando de gênero.
Agindo assim, não somente estamos conscientizando os nossos alunos, enriquecendo os seus dialetos, mas também aumentando o leque de suas possibilidades lingüísticas, que associadas aos seus contextos de uso podem tornar esses alunos usuários muito mais conscientes e competentes quanto aos diversos usos da língua.

CONCLUSÃO

Assim como afirma Marcos Bagno em seu livro Preconceito Lingüístico, não podemos ter a ilusão de querer acabar com essa discriminação lingüística de uma hora para outra, porque isso só será possível quando houver uma transformação radical do tipo de sociedade em que estamos inseridos, que é uma sociedade que para existir precisa da discriminação de tudo que é diferente, da exclusão da maioria, em beneficio de uma pequena minoria.

Portanto a discriminação de algumas variedades lingüísticas tratadas de forma preconceituosa e anticientífica expressam os próprios valores existentes no interior de uma sociedade. Por isso mesmo, preconceito lingüístico como qualquer outro preconceito, resulta de avaliações subjetivas dos grupos sociais e deve ser combatida com vigor e energia. É importante que o indivíduo ao aprender novas formas lingüísticas, particularmente a escrita e o padrão de oralidade mais formal orientado pela tradição gramatical, entenda que todas as variedades lingüísticas são legítimas e próprias da história e da cultura humana.

REFERÊNCIAS:

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, Língua Portuguesa de 5ª a 8ª série, Brasília: MEC/SEF, 1998.

MARCOS, Bagno. Preconceito Lingüístico. São Paulo: Edição Loyola, 1999. http://www.cedu.ufal.br/

LABOV, William. Modelos Sociolingüísticos. Madrid: ediciones Cátedral. 1983. Tradución de José Miguel Herreras.

MOLLICA, M. Cecília (org.). Introdução à Sociolingüística Variacionista. Cadernos didáticos. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ. 1992.

SANTOS, M. B. Cavacante, M. A da Silva. Contribuição da Teoria da Variação.

DICAS DE FILMES:














DICAS DE LIVROS: