quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PROJETO DE INTERVENÇÃO - LETRAS - C9

FALA BRASIL - AS DIVERSIDADES LINGUÍSTICAS
Kelly Consuêlo Coimbra


Projeto que demonstra a importância de se compreender e aceitar as diferenças não só como positivas, mas como um ponto de partida para a uma nova era de ensino-aprendizagem que vise à inclusão real dessa cultura, e não meras concepções arraigadas de preconceitos sobre ela.

PROBLEMA:

Lidar com as diferenças é uma das maiores dificuldades do ser humano. Ao se descobrir as diversidades, em muitas ocasiões, manifestam-se a tensão, a intolerância e, principalmente, o preconceito que define diferenças como uma porta negativa sem fundamentos para com as diferenças manifestadas nas várias dimensões da vida humana. Partindo da situação descrita, analisamos o tema Preconceito na diversidade cultural a partir do seguinte problema: Como a falta de valorização das diversidades culturais contribui para a confirmação do preconceito linguístico?

PÚBLICO-ALVO:

Participarão diretamente desse projeto os alunos da 5ª série da Escola Lucas Cardoso Costa, e seus respectivos professores. Também farão parte desse projeto o corpo administrativo, os pais e a comunidade; porém é importante ressaltar que estes participarão indiretamente.


JUSTIFICATIVA:

Existe hoje, dentro da escola um grande preconceito linguístico por parte de alunos e professores para com aqueles que utilizam outras variedades linguísticas que não a padrão. Esse preconceito leva à discriminação, gerando problemas de interação entre os alunos e entre alunos e professores, fazendo com que a sala de aula venha a tornar-se local de exclusão social. Pensando nesse problema este projeto será realizado na tentativa de resgatar os valores das diferentes culturas, sobretudo, no que se refere à linguagem oral e escrita, pois dessa forma o preconceito linguístico será superado, e a valorização cultural, assim como o respeito às diferenças será uma prática no ambiente escolar.


OBJETIVO GERAL:

Proporcionar ao educando a oportunidade de conhecer culturas e tradições, em textos orais, locais e regionais, propiciando a estes a oportunidade de conhecer as variedades da língua materna, valorizando cada uma delas e combatendo o preconceito que existe contra as formas populares em oposição às formas utilizadas por grupos socialmente prestigiados.


OBJETIVO ESPECÍFICO:

· Desenvolver o respeito mútuo, a solidariedade, o espírito crítico, o diálogo e compreensão entre as diferentes culturas;

· compreender que a língua é constituída por variações linguísticas e que estas devem ser respeitadas de acordo com as situações de produção;

· superar a discriminação relacionada as diferentes formas de falar do povo brasileiro por meio de atividades lúdicas, prazerosas e desafiadoras.

· discutir os reflexos do preconceito lingüístico na sociedade brasileira;

· informar os educandos a respeito da existência do preconceito linguístico dentro e fora da sala de aula;

· despertar no educando a consciência crítica a respeito da necessidade de combater o preconceito linguístico.

REVISÃO LITERÁRIA:

Do ponto de vista científico, compreender a variedade linguística é compreender a sua constituição Linguística, Sócio- política e Cultural. Ao desconsiderar essa realidade ou, o que é pior, ao olhar para ela com a visão eurocêntrica, não só produzimos trabalhos viciosos, reproduzindo preconceitos e visões estereotipadas e, principalmente, deixamos de ver o Estado e sua população na sua riqueza constituinte. É imprescindível que a academia, em toda a sua extensão, com sua importância social e capacidade técnica e científica, se volte para a questão Afro-Brasileira como pressuposto necessário à melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Educar para a inclusão é não separar o lugar e o tempo de aprender do lugar e do tempo de ensinar. Onde e quando se aprende também se ensina. E todos ensinam e aprendem. Nesse processo, o papel do educador é dar sentido a essa construção. A formação não pode se dar no vazio. (ANTUNES & PADILHA, 2004).

A escola trata, muitas vezes, a linguagem como um conjunto de regras e exceções e dá à língua- padrão primazia sobre as variedades linguísticas de seus educandos. É principalmente neste ponto que a escola torna-se excludente, pois a grande parte de seus alunos não tem acesso à variedade considerada padrão. Consequentemente, a escola que deveria ser um espaço de interação social, onde todos tenham acesso à informação e ao conhecimento, privilegia as classes dominantes, contribuindo para a exclusão social.

Segundo Labov (1983), a variação existe em todas as línguas naturais humanas, é inerente ao sistema linguístico, ocorre na fala de uma comunidade e, inclusive, na fala de uma mesma pessoa. Isso significa que a variação sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação normativa. Assim, quando falamos em Língua Portuguesa estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. O papel da escola é proporcionar diversos conhecimentos e aprendizagens, visando propiciar um ensino de qualidade a todos, respeitando os conhecimentos que cada um traz consigo considerados como, conhecimentos prévios, e valorizar esses conhecimentos. Valorizar somente a língua padrão faz com que a sala de aula deixe de ser um espaço de comunicação e interação, onde todos expressam seus conhecimentos, e passa a ser um cenário de correção e repressão, uma vez que os alunos usam o português coloquial. A linguagem não deve ser substituída e sim adequada.

Segundo Bagno (2001, p.36) “menosprezar, rebaixar, ridicularizar a língua ou a variedade da língua empregada por um ser humano equivale a menosprezá-lo, rebaixá-lo enquanto ser humano”. Quem mais sofre com isso são aqueles que provêm das classes menos favorecidas economicamente, são eles que sentem na pele a ridicularização, sentem-se estranhos em sua própria língua, cheio de dúvidas e incertezas, distantes na norma considerada correta. Por isso, a maioria dos estudantes chega ao final do Ensino Médio sem conseguir transferir suas ideias para um texto escrito, e isso perpassa a uma grande preocupação em empregar regras gramaticais, em “escrever certo”, que o pensamento não consegue concretizar-se no papel.


METODOLOGIA:

A metodologia aplicada durante o processo de construção do projeto será diversificada, buscando a conscientização do tema abordado, a criatividade e a motivação, garantindo um maior envolvimento de professores e alunos nas ações propostas.

A despeito dessas ações, citamos alguns passos a serem seguidos durante a realização desse projeto:

· Apresentação da temática;

· discussão do tema com os alunos, fazendo um levantamento dos conhecimentos prévio que estes têm sobre o assunto;

· realização de pesquisa sobre o tema em estudo;

· exibição de slides, filmes, vídeos e DVD;

· resgate de “causos”, contos e/ou história contada por moradores cada grupo tentar transcrever o texto da oralidade para a escrita reproduzindo-o da maneira como foi dito (prolongando a silaba, fazendo pausa, etc.);

· produzir dicionários de dialeto local com a participação da comunidade e pessoas idosas,(principalmente) respeitando, enaltecendo e enriquecendo a cultura de nosso povo, mostrando as diversidades da nossa língua fazer também uma retextualização de textos, isto é, reescrita de acordo com as regras da norma culta.

RECURSOS:

HUMANOS: Professor e alunos
MATERIAIS: Lousa, giz e apagador, papel sul fite, cartolina, fita adesiva, pincel atômico e tesoura, livros, revistas jornais e internet, vídeo, TV e aparelho de som; retroprojetor, DVD, etc...

RESULTADOS ESPERADOS:

Pelos objetivos propostos nesse projeto esperamos em seu resultado final oportunizar aos envolvidos um olhar mais atento e cauteloso sobre as diversidades da nossa comunidade e que adquiram de forma proveitosos novos ensinamentos, valorizando e respeitando a sua comunidade, sua cultura, e que isso seja uma condição para que a escola possa fazer parte do contexto sócio- cultural dos seus alunos, procurando, assim, desenvolver habilidades que irão ao encontro da pluralidade cultural do país, promovendo a interação entre educador- aluno- aluno- aluno na escola, amenizando e (se possível eliminando) o preconceito linguístico existente na escola observada.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, Ângela & PADILHA, Paulo Roberto. O eu e o outro compartilhando diferenças, construindo identidades. V Seminário Nacional de Educação “Utopias Humanas: sonhos! Liberdade, inclusão e emancipação. Por que não? Apresentação em 21.05.2004 em Caxias - RS.

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: O que é como se faz. São Paulo: Edição Loyola, 1999.

LABOV, William. Modelos Sociolingüísticos. Madrid: Ediciones Catedral. 1983. Tradución de José Miguel Herreras